Psicodália!

Estadão de hoje, Jotabê Medeiros:

Revival Casa das Máquinas

Para os fãs do rock psicodélico brasileiro, há uma grande notícia: a lendária banda brasileira Casa das Máquinas fará um show de retorno no Festival Psicodália, que será realizado entre os dias 2 e 5 de fevereiro no campo, em São Martinho (SC).

A banda Casa das Máquinas foi criada em 1972, quando Netinho e Aroldo, dos Incríveis, descontentes com o rumo comercial que sua banda estava tomando, resolveu retornar ao rock puro. A banda se desfez em 1978, depois de um incidente que resultou na morte de um cinegrafista. Mas tem legiões de fãs até hoje.

O Festival Psicodália reúne algumas das bandas mais interessantes da nova safra psicodélica, como Gato Preto, Sopa, Sopro Difuso, Cores Berrantes e Goya (do Paraná), Tomada (de São Paulo) e Electric Trip, Fantomáticos e Apanhador Só (do Rio Grande do Sul). Tudo num cenário de rios, cachoeiras e mato.

De acordo com o release do site do festival:

Os fãs da Casa Das Máquinas já podem comemorar!A possibilidade do retorno da banda vem sendo estudada há tempos, mas agora é fato! O grupo que revolucionou o rock nacional nos anos 70 volta aos palcos, enquanto prepara um novo CD para 2008. Dez anos se passaram desde o último álbum da banda. Este novo CD da Casa das Máquinas, além de músicas inéditas dando seqüência à carreira, contará com algumas regravações em novos arranjos.O time que irá se apresentar no Festival Psicodália de Carnaval 2008 em 3/2/2008 na serra do Tabuleiro em Santa Catarina, já está definido e conta com alguns integrantes originais, como; Netinho na bateria, seu irmão Marinho Thomaz na segunda bateria e Mario Testoni nos teclados e ainda no baixo e vocal Andria Busic (Dr. Sin) e na guitarra Faíska.Casa das MáquinasBreve históricoEm 1973, o baterista Luiz Franco Thomaz, Netinho, apoiado pelo empresário e amigo Luiz Fernando Rocha, adquiriu toda infra-estrutura erguida pelo grupo Os Incríveis recém separado e sob nova direção, a Casa mudou de nome, literalmente. Os tempos mudavam. Baseado na idéia de um bom e agitado rock’n’roll, o baterista criou o super grupo Casa das Máquinas, que logo partiu para apresentações por todo o Brasil. As concorridas turnês nacionais, graças à grande estrutura de produção própria, incluindo escritório para comercializar os shows, equipe técnica, estúdio de gravação, equipamento completo de som, luz, amplificadores Marshalls, transportes, permitiam apresentações até em grandes estádios.João Araújo, presidente da Som Livre comprou a idéia. Confiando no trabalho, deixou a produção à cargo de Netinho e em 1974 foi lançado o primeiro álbum, “Casa das Máquinas”, com destaque para a faixa ‘Tudo porque te amo’. Fomos a primeira banda de rock da Sigla – Sistema Globo de Gravações de Áudio. A gravadora estava apenas começando, por isso João Araújo pediu ajuda até ao seu filho Cazuza, para escrever o nosso primeiro release”, afirma Netinho. Com a divulgação do CD pela TV Globo, não demorou muito para que a banda ficasse conhecida em todo o Brasil.Além de Netinho na bateria, a primeira formação contava com Aroldo Binda – guitarra e vocal, Carlos Geraldo – baixo e vocal, Piska – guitarra e vocal e Pique Riverti – saxofone e teclados.No ano seguinte, prosseguiam com o mesmo sucesso. Era hora de lançar o segundo disco, “Lar de Maravilhas”. Desta vez, o hit principal foi, Vou morar no ar, tema de novela da TV Globo. Pique deixa o grupo. Marinho Thomaz (irmão de Netinho) e o tecladista Mário Testoni Jr. entram para o time. A nova formação traz um revolucionário diferencial: duas baterias. Com a entrada dos dois Marinhos, o rock tornou-se mais progressivo e mais poderoso.As primeiras mudanças acarretaram outras, entre elas a saída de Aroldo e Carlinhos, para a entrada de João Alberto, no baixo e de Simbas, no vocal. Em 76 foi lançado o álbum “Casa de Rock”. A faixa-título alcançou um enorme sucesso.A Som Livre resolveu investir no cenário internacional, lançando em Miami / 1977, uma coletânea de sucessos de artistas brasileiros cantando em castelhano (Rita Lee também estava nessa). A faixa 1 do lado A dos 2 discos LPs, são da “Casa das Máquinas” com Casa de Rock e Todo Porque te Quiero (Tudo Porque te Amo). Casa das Máquinas, até hoje citada entre as maiores bandas do rock nacional, fez sua última apresentação na Argentina, em 1978. O estádio Luna Park, em Buenos Aires, com capacidade para 10 mil pessoas, foi palco de um encontro histórico entre a banda brasileira, Charly Garcia (Seru Giran), Leon Gieco e Nito Mestre. “A BANDA QUE SÓ DEIXOU SAUDADE, AGORA VOLTA PRA CONFERIR QUE É A CASA DO TAL ROCK’N’ROLL”.Maiores infos, clica aqui!

Aline


Cobertura da banca

Na Cásper, sempre há um aluno de primeiro ou segundo ano cobrindo as bancas. Na nossa, não foi diferente. Demorou, mas finalmente saiu:

Ouvido aberto para psicodelia
Por Ana Paula de Deus, editora do site

54 entrevistados e um livro-reportagem de 228 páginas, acompanhado de um cd com formato de vinil, materializam a apuração do trabalho Psicodelia Brasileira: um mergulho na geração bendita, produzido pelas alunas Aline Ridolfi, Ana Paula Canestrelli e Tatiana K. de Mello Dias, e orientado pelo professor Welington Andrade.Aline, Ana Paula e Tatiana queriam fazer um trabalho relacionado à música, focado na produção brasileira durante a ditadura militar. Perceberem que muito já havia sido dito sobre o assunto, porém faltava material sobre as bandas que surgiram nesse período e enveredaram para cena underground, permanecendo quase que desconhecidas até hoje. O trio decidiu, então, resgatar a psicodelia brasileira, saber se havia sido de fato um movimento, como havia acontecido e que caminhos tomara. Para registrar todo o processo, montaram o blog Psicodelia Brasileira.“Durante a apuração, muitas histórias não batiam, ainda mais quando havia conflitos entre os integrantes das bandas”, disse Ana Paula, no dia da defesa do trabalho. Um exemplo disso são as divergências em algumas histórias contadas pelo cantor e apresentador Ronnie Von e Zé Guilherme, guitarrista da banda que acompanhava o primeiro. “Privilegiamos as histórias mais verossímeis”, completou Tatiana.

As alunas sabiam que a apuração teria que ser muito boa porque não havia material disponível sobre o tema com o qual estavam trabalhando. “O Google não ajudaria”, brincou Tatiana. Fazer o livro foi uma tarefa difícil porque tiveram que escrever sobre uma época que não viveram. “Ganhamos paciência, perseverança e cara de pau”, disse.

Okky de Souza, editor de Veja, só teve elogios ao trabalho: parabenizou a escolha do tema que trata de artistas “cujas histórias nunca foram contadas, como por exemplo, Vimána e Serguei”. Observou que há detalhes que só uma apuração muito bem feita poderia ter rendido. Okky disse que o texto não é de amador e elogiou “o sentido preciso de saber usar o humor”. O editor se surpreendeu pela qualidade do livro e por estar quase pronto para ir para as lojas. “É uma contribuição à música brasileira”, finalizou.

Editor da revista Rolling Stone, Pablo Miyazawa, gostou da maneira como o texto foi conduzido e ficou também surpreendido por “passar de um capítulo ao outro sem notar discrepância no estilo do texto, afinal foram seis mãos escrevendo”. Elogiou a mistura de gêneros do livro: há momentos em que predominam as características da crônica, da reportagem, “além dos rebusques de biografia”. Observou que, como leitor, esperava uma contextualização do que foi a psicodelia brasileira. “É um livro que falta no mercado, um produto que eu acredito”, disse.

O professor da Cásper Libero Luis Mauro de Sá Martino foi o último avaliador da banca a falar. Disse que uma das qualidades do livro é “entrar direto na psicodelia”, sem muitos rodeios. Parabenizou a diagramação do livro e o desenho de vinil do cd com as músicas psicodélicas. Disse que a escolha das bandas foi inteligente, deixando de fora os grupos maiores, como Os Mutantes e Secos e Molhados. O professor observou a falta de legenda e crédito em algumas imagens e sugeriu que algumas informações estivessem em boxes para evitar o excesso de dados no texto corrido.

Depois de tantos elogios e poucas ressalvas, a nota da banca para o livro-reportagem Psicodelia Brasileira: um mergulho na geração bendita foi dez.

Fonte: http://www.facasper.com.br/jo/notas.php?id_nota=583