Museu do Disco relança álbuns dos anos 70

Publiquei originalmente no Passiflora, mas aqui vai:

“Em busca do tempo perdido”, de O peso, “Nada no Escuro”, de Cezar de Mercês, “Gerson King Combo”, dele mesmo, “Jorge Mautner”, dele mesmo, “Amazonas”, de Naná Vasconcelos, “Aprender a nadar”, de Jards Macalé e outros álbuns raros dos anos 70 voltarão ao mercado a partir de fevereiro.

A idéia é do garimpador e empreendedor Valmir Zuzzi, que acaba de transformar o histórico sebo Museu do Disco em selo. Carlos Calado dá a notícia na Folha de hoje, eu me animei e fui investigar. Os álbuns serão relançados da maneira mais honesta possível: capas originais, encartes com a letra e, oba, textos de Ezequiel Neves, o lendário crítico de música desbundado (mais conhecido, limitadamente, por ter sido parceiro da Cazuza). Os discos lançados pelo Museu do Disco terão tiragem de mil exemplares e serão vendidos inicialmente na própria loja Museu do Disco, em lojas especializadas e em capitais. Serão dois títulos por mês, a partir da segunda quinzena de fevereiro.

A seguir, entrevista rápida por email que fiz hoje mesmo com Valmir Zuzzi, o responsável pela empreitada:

Como foi a seleção das obras a serem relançadas?
A parceria com o Museu do Disco é um namoro de anos. Pra convencer o Nazare (Avedissian – dono do MD) a lançar produtos nacionais não foi fácil. Mas, com o tempo, ele percebeu que se tratavam de disco raros e cedeu. Fiz uma lista grande de títulos e solicitamos à gravadora algumas prioridades. Como são discos antigos, alguns contratos precisam ser revistos com maior cuidado e outros já foram liberados rapidamente. Assim montamos esse primeiro lote de 12 cds.

Em tempos de crise no mercado fonográfico, lançar cds não é difícil?
Quem é comprador de discos não tem época, compra mesmo, quer ter o original. Se não tem o original vai o alternativo (cópia), o importante é ter. Eu sou assim. Alguns desses títulos nunca foram lançados em cds, outros já estão fora de catálogo e quando saíram, sumiram rapidamente. Baseado nisso, você ainda tem um público fiel que compra e como as tiragens não são astronômicas, não precisa ter muita coragem, é só trabalhar.

Há patrocínio? Ou foi na cara e na coragem?
Não tem patrocinio nenhum, apenas uma parceria, Museu do Disco e Rock Company
(meu selo há 17 anos).

E a produção, como foi? Vi que Ezequiel Neves escreverá nos encartes, como foi esse contato?
O Ezequiel é muito amigo do Nazaré desde os anos 70, eu não sabia disso. Quando soube, a idéia foi imediata. O Nazaré não conversava com ele há anos, então foi divertido esse reencontro (por telefone), muitas risadas e histórias. O Zeca aceitou na hora e já mandou dois textos fantásticos, bem anos 70.

Zeca Jagger trabalhou direitinho? Como foi a convivência? Ele gostou do trabalho?
Trabalhou e quer mais. Ainda não falei com ele, meu contato é apenas por e-mail de um amigo.

E as capas, como serão?
As capas serão todas originais e com letras. Comprei muitos LPs por causa da capa, prezo muito por elas.

Você entrou em contato com os artistas? O que eles pensam do relançamento?
Falei com o pessoal do Peso (Geraldo D’Arbilly e Constant Papineanu). Eles parecem moleques, estão felizes. Imagina, esse disco tem 34 anos e nunca foi relançado. O Constant revisou as letras. O Cezar de Mercês está participando ativamente do relançamento do disco que completa 30 anos, está super feliz. Com os outros ainda não tive contato. O processo de relançar é diretamente com a gravadora e editora, solicitamos os títulos, pagamos os direitos e elas (gravadora/editora) repassam aos artistas/autores.

Há algum outro projeto futuro?
Sim, solicitamos muitos títulos raros e estamos esperando apenas a liberação. No segundo semestre vem mais coisa boa.