Show do Marcos Valle!

Hoje tem show do Marcos Valle no Centro Cultural Fiesp!

Como diz no próprio site do evento, “consagrado como um dos maiores compositores da MPB, Marcos Valle é autor de mais de 300 músicas gravadas por nomes como Elis Regina, Tim Maia e Roberto Carlos. Ao longo de sua carreira compôs temas de novelas, trilhas sonoras – reconhecidas internacionalmente – e canções originais  que lhe renderam músicas regravadas e remixadas por diversas bandas e DJ’s tocadas em clubes noturnos da Europa e Japão. O show Marcos Valle – Contrasts apresenta clássicos como Samba de Verão, Os Grilos, Batucada Surgiu, e inéditas. Seu mais recente trabalho Conecta conta com participações especiais e releituras com arranjos sofisticados (…)”

O carioca tem uma carreira surpreendente e, dentre os inúmeros discos mais comerciais, existe uma raridade, um disco que podemos considerar, de certa forma, psicodélico. Vento Sul, de 1972, é  uma espécie de rompimento. “Marcos Valle radicalizou de vez em Vento Sul, o disco mais experimental de sua carreira. Sambas psicodélicos invadiram o repertório, composto em uma aldeia hippie e gravado com integrantes do grupo O Terço”, explica Leonardo Bomfim, em texto publicado no site The Freakium!.

Para baixar o disco, clique aqui!


Geração Bendita!

O nome do nosso livro vem de do filme “Geração Bendita”, um filme hippie (o primeiro do Brasil) gravado em Nova Friburgo (RJ), com trilha sonora do grupo Spectrum.

Se você está de bobeira neste domingo, dá uma olhadinha… vale como experiência! rs


Ave Sangria

O Ave Sangria, assim como Lula Côrtes, era uma das bandas pertencentes ao movimento Udigrudi nordestino.

Este é um cartaz de uma das apresentações da banda. O carimbo revela a data: 29/12/1974

 


Modulo 1000

Módulo 1000 – Psicodelia do Rio de Janeiro (Quem tiver esse vinil pra vender… avisa?)


Lembranças de Lula

Semana passada fomos bombardeadas com a notícia da morte de Lula Côrtes. Em um trabalho sobre a psicodelia, é claro que ele não poderia ficar de fora e dedicamos um capítulo inteiro a ele e seus conterrâneos do Udigrudi.

Udigrudi, de “underground”, era a cena alternativa nordestina e foi dentro deste cenário que Lula brilhou. Como muita gente sabe, uma de suas parcerias, para ser mais exata com Zé Ramalho, resultou em disco – o Paêbiru (1975) – que é hoje tido como relíquia, um dos álbuns, senão “o” álbum, mais caros do país.

Mas não foi só neste disco que ele mostrou seu talento. Satwa (anterior ao Paebiru, de 1973), ao lado de Laílson, é instrumental e como diz na contracapa, suas canções são “produtos mágicos das mentes e dedos de Lailson e Lula”.

Como publicou Fernando Rosa, o Senhor F, “o som predominante do disco, no entanto, é um folk nordestino/oriental, resultado da mistura da cítara popular tocada por Lula, e da viola de 12 cordas de Lailson. Algo como uma sucessão de ragas ou mantras, interpretadas por Cego Aderaldo movido a incenso, cogumelos e outros ‘expansores da musculatura mental’, como diz Arnaldo Baptista”.

(Rosa de Sangue, outro disco, é de 1980)

Entrevistar Lula foi, sem dúvida, uma honra e para homenageá-lo do jeito que podemos, um trecho do livro, com uma das histórias que ele contou, em que foi preso e acabou bebendo cerveja com os policias que o prenderam. Brincando, ele revela um lado mais sério e fala sobre a censura e o preconceito para com os artistas daquela época.

PS> Há um projeto de relançamento do catálogo da Rozenblit (gravadora pernambucana que lançou os discos de Lula). Vamos torcer!

***

Para o artista Lula Côrtes, o mais grave era que os censores eram garotos do interior que se alistavam e não tinham o menor embasamento cultural para classificar nada. “Você ia preso por causa de palavras como desbunde, isso é palavra que existe no dicionário, mas acho que ele relacionou com bunda ou com alguma coisa pornográfica”, lembra. Marco Polo chegou a se aproximar de uma censora, que não entendia as tiradas do letrista: “Era uma senhora até assim simpática, gente fina, ficou minha amiga e tudo. E ela não percebia que eu estava curtindo com a cara dela de tão imbecil que ela era”.

Uma vez, os integrantes do Ave Sangria foram todos presos, acusados de estarem com drogas. Naquele dia, porém, não tinham nada – mesmo assim, só conseguiram sair da delegacia de madrugada. Uma noite, durante um show no elegante Teatro Santa Isabel, Marco Polo pediu à platéia “alguém tem um cigarro aí?”. Lula Côrtes, sentado na beira do palco, atendeu ao pedido. O vocalista tragou com gosto, e a platéia foi abaixo, pensando que era maconha. Marco tranqüilizou: “é palha”. No dia seguinte, foi acordado pela Polícia Federal em sua casa. O policial:

– Marco Polo, vá lá contar que você estava incitando a juventude a fumar maconha.

– Como é que é, bicho?

Marco foi à delegacia e tentou se explicar:

– Não, é o seguinte, estava Lula Côrtes lá, eu pedi um cigarro, ele me deu um cigarro de palha.

Tudo bem. Já saindo, Marco desafiou:

– Mas eu já fumei maconha.

– Epa, espera aí, como é que é?

– Fumei maconha em São Paulo, quando era jornalista do Jornal da Tarde. Um major da Polícia Militar levou maconha pra gente conhecer o cheiro –, caçoou. E foi embora.

A patrulha ideológica em Recife era tão forte que Almir de Oliveira ia armado à faculdade de engenharia, onde estudavam muitos militares que ficavam caçoando do hippie cabeludo. Um dia, juntou-se um grupo: “hoje é dia de cortar o cabelo e dar um banho no hippie!”. Almir tirou o “canhão”, como chama, da bolsa: “Os militares disseram ‘não, não, a gente está brincando’, eu disse ‘mas eu não estou, não’”. Almir acabou largando a faculdade naquele período.

Toda aquela geração produtiva pernambucana foi atingida pela repressão. Desde os tempos da Feira Experimental de Música, Lula Côrtes firmou-se como um guru da cena. Foi parar na cadeia inúmeras vezes. Em uma noite, em um show na Paraíba, o produtor garantiu a Lula que os policiais presentes “eram legais”. Dali a pouco, entra o policial. Lula acabou preso, nu, segurando a bandeja uma bandeja. Numa outra vez, foi detido e, enquanto esperava o camburão, acabou bêbado, de algemas, tomando cerveja com os policiais que o prenderam. Bem menos divertido foi o período em que passou vinte dias em um quartel, preso por visitar um amigo guerrilheiro. A polícia federal o levou de sua casa, encapuzado. Nos primeiros três dias de prisão, foi torturado. Depois, ficou mais de duas semanas em uma solitária, escura, ouvindo choros e gritos. Estava enlouquecendo sem falar com ninguém. Um dia, passou um rapaz em frente à cela.

E Lula:

– Arranja uma coisa para eu ler, pode ser Pato Donald, Recruta Zero, qualquer coisa!

E o menino:

– Tu sabe porque que está aqui?

– Não.

– É porque tu leu demais.

Naquele período, o músico pensou que seria morto, convencido pela tortura psicológica dos policiais. Até que foi jogado com os outros prisioneiros, todos encapuzados, no camburão. Rodaram por horas no calor. Sem saber o que estava acontecendo direito e sem enxergar, Lula lembra que o carro ia parando e os presos iam sendo colocados para fora, um a um, às porradas: “Batia no cara, o cara gritava, eles atiravam, depois diziam ‘vamos embora’”. E os que iam sobrando no camburão ficavam apavorados, chorando, pedindo clemência. Chegou a vez de Lula: deram-lhe uma porrada na testa e o largaram, encapuzado e desmaiado, na frente de sua casa. “Eu acordei de madrugada com o povo em volta de mim falando, ‘o que é isso?’, ‘deve ser comunista’”, lembra o artista, que ficou estirado no chão, sem enxergar, até que um dos presentes sugeriu que lhe tirassem o saco da cabeça. “Esse foi o dia mais torturoso, o dia mais comprido da minha vida. Você fica descompensado depois”.


Estamos no twitter

Montamos um twitter para divulgarmos o que postamos aqui.

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Estamos de volta!

Depois de três longos anos de recesso, é com muito amor que anunciamos que estamos de volta!

Nosso TCC foi aprovado com nota máxima, mas não conseguimos lançá-lo como livro (ainda).

Ficamos muito felizes com o resultado deste trabalho e acreditamos ser um desperdício manter este material inédito – informação boa é aquela que atinge o maior número de pessoas.

Sendo assim, a partir de hoje publicaremos trechos do livro já pronto, entrevistas que guardamos com o maior carinho, áudios e fotos exclusivas e o que mais tivermos guardado na gaveta.

Para começar, um desenho de Laílson de Holanda Cavalcanti, gentilmente cedido por ele, e escolhido por nós como capa do nosso projeto.

“Por trás de tudo, a realidade”

 

PS> o blog está desconfigurado, com tema genérico… aos poucos vamos arrumando!


Procura-se

Foi por acaso. Estava pulando de canal em canal – e domingo a noite, vocês sabem, é triste. De repente passei por um monte de hippies dançando aparentemente nos anos 60. Fui ver o que era, claro.

Era o filme “Procura-se”, documentário dirigido por Rica Saito em 2008. O filme narra a história do músico Mario Rocha/Edu Viola e seus amigos – a turma alternativa paulistana dos anos 60 e 70. Em cena, um monte de gente que eu nunca tinha ouvido falar. Depois de passar anos lendo e pesquisando sobre psicodelia brasileira, que vergonha, eu não conhecia nada daquilo.

Edu Viola é instrumentista e músico. Conheceu um monte de gente, compôs com um monte de gente. Tem um currículo de respeito. (aqui há informações sobre ele).O filme, porém, não fica só em cima do músico. Os depoimentos de gente como Carlos Caladol, Wanderléa e os amigos são intercalados por cenas de filmes da época, em Super 8, e cenas de ficção. É bem legal.

“Procura-se” foi exibido no É tudo verdade, em 2008, e também no É tudo mentira e no Nem tudo é verdade. Ele não é nem curta nem longa (tem 42 minutos), nem documentário nem ficção.

Em um depoimento gravado e exibido após o filme, Rica Saito disse que as sessões  ultrapassam a tela. Ao final da exibição, membros da plateia se levantam – entre eles o próprio Edu Viola – e começam a fazer um show (ou um happening, pra ficar nos mesmos termos). Assim:

Nós falamos no livro do pessoal do Rio, Pernambuco, Minas, Rio Grande do Sul. E quase não viemos para São Paulo. Talvez essa seja a peça que estava faltando. Para saber mais sobre o filme, vale conferir o relato pessoal e a entrevista feita por Gaía Passarelli.

 

ps> as informaçõs sobre ele são do coletivo sÓ


Rosa de Sangue nas lojas!

http://1.bp.blogspot.com/_v9oZDutA3m8/SaVBYXR4SqI/AAAAAAAAAK4/8pdSOILlS14/s400/Lula+C%C3%B4rtes+-+Rosa+de+Sangue+(1980)+2.png

Essa é para os colecionadores e amantes da psicodelia brasileira: começou a pré-venda de uma prensagem limitadíssima do disco “Rosa de Sangue”, gravado em 1980 pelo pernambucano Lula Côrtes. A edição é limitada em 500 cópias e o preço é justo: R$ 124,99. Vale muito a pena porque esse disco nunca chegou às lojas, por causa de uma disputa judicial com a gravadora. Ou seja, essa é a ÚNICA chance de ter a bolacha em casa. Rola também baixar o disco (o link está abaixo), mas a qualidade não está muito boa.

“Rosa de sangue” é maravilhoso do início ao fim. Para quem não conhece, Lula Côrtes foi o cara que gravou com Zé Ramalho “Paêbiru”, considerado o maior expoente da chamada psicodelia brasileira. Lula é um personagem folclórico no Recife: músico, poeta, artista plástico, agitador cultural. Nos anos 70, conviveu com todo o povo do udigrudi e foi, digamos, o mentor da contracultura pernambucana – se não fosse ele, acreditem, talvez o mangue beat não teria surgido. A turma de Lula (incluindo aí o Ave Sangria) foi a primeira a misturar o frevo e ritmos regionais ao rock´n´roll. “Rosa de Sangue” é isso: são frevos, forrós, guitarras nervosas e até cítaras em “Oração para shiva”, na mistureba clássica dos sons da contracultura brasileira.

Além do som ser ótimo, as letras também são bem legais:

Dos Inimigos

Dos inimigos
Temos medo ou revolta

De quem nos ama
Temos todo coração

Dos que se perdem
Temos pena ou remorso

Dos que se encontram
Vemos a satisfação

Dos que se negam
Vemos marcas no seu rosto

De quem não ama
Como é triste o seu viver

De quem não vê
Vejo a falta que ele sente

Inutilmente
Nós sentimos o seu sofrer

Do acusado
Já se sente a solidão

De quem não pensa
Vejo gestos tão confusos

De quem não ama
Como é triste o seu viver

De quem não vê
Vejo a falta que ele sente

Inutilmente
Nós sentimos o seu sofrer

http://2.bp.blogspot.com/_v9oZDutA3m8/SaVBYM8OnyI/AAAAAAAAAKw/glGihmyefbQ/s400/Lula+C%C3%B4rtes+-+Rosa+de+Sangue+(1980)+1.jpg

Para baixar o disco, clique aqui (via BrNuggets).

Para comprar a bolacha, vá à Record Collector ou à Rare Records.

Tati


Psicodelia infantil?

Monica Bergamo de hoje:

No chão: Edgard Scandurra, Taciana Barros, Arnaldo Antunes e Antonio Pinto; no meio: Joaquim Scandurra, Joaquim Pinto e Brás Antunes; ao fundo: Daniel Barros Scandurra, Manuela Pinto, Luzia Barros, Estela Scandurra, Tomé Antunes e Lucas Scandurra

PSICODELIA INFANTIL Os músicos Arnaldo Antunes, Edgard Scandurra, Taciana Barros e Antonio Pinto decidiram se unir para fazer “música psicodélica” para crianças com a participação dos próprios filhos. O primeiro CD do projeto “Pequeno Cidadão” deve chegar às lojas no dia 2 de maio. Os shows, no estilo matinê, acontecem nos dias 9 e 10, no Sesc Pompeia, e também no novo teatro Anhembi Morumbi, em São Paulo

Aqui.

Tati