Som Imaginário em ação

E não é que eles chegaram a gravar um programa Ensaio?

Incrível.


Paulicéia alternativa dos anos 70

“No início da década de 1970, eu praticava meditação em praça pública, mas não em qualquer uma. O parque Ibirapuera, dependendo do dia, era acolhedor para fazer ioga. Mas, como eu morava na fronteira entre Alto de Pinheiros e Pinheiros, escolhi a que hoje se chama praça do Pôr do Sol. Acho que teve um outro nome, mas fiquei feliz quando soube que o oficial ficou este, pois o grande show era, e continua sendo, o pôr do sol.

Lá perto, na Vila Madalena, eu alugava um estúdio com amigos artistas plásticos na rua Aspicuelta (quando ela tinha um pedaço sem saída) e dei as minhas primeiras aulas de ioga. Obviamente, não era esta Vila Madalena! Estava mais para um bairro do interior -um outro planeta sem bares, restaurantes ou livrarias.

Mas ser “alternativo”, “natureba” e praticante de ioga, naqueles tempos, era mais trabalhoso. Os restaurantes vegetarianos ou macrobióticos eram poucos. Se compararmos com hoje, pouquíssimos!

Tinha o restaurante Vegetariano Suíço da tia Lucia, bem grande, onde tudo era farto: saladas, sucos e a simpatia de uma senhora de uns 70 anos, típica suíça.”

Meu professor Sandro Bosco já era alternativo quando eu nem sonhava em nascer. E contou como era em uma crônica na Revista da Folha. Para ler o texto completo, clique aqui. (só assinantes).


Procura-se

Foi por acaso. Estava pulando de canal em canal – e domingo a noite, vocês sabem, é triste. De repente passei por um monte de hippies dançando aparentemente nos anos 60. Fui ver o que era, claro.

Era o filme “Procura-se”, documentário dirigido por Rica Saito em 2008. O filme narra a história do músico Mario Rocha/Edu Viola e seus amigos – a turma alternativa paulistana dos anos 60 e 70. Em cena, um monte de gente que eu nunca tinha ouvido falar. Depois de passar anos lendo e pesquisando sobre psicodelia brasileira, que vergonha, eu não conhecia nada daquilo.

Edu Viola é instrumentista e músico. Conheceu um monte de gente, compôs com um monte de gente. Tem um currículo de respeito. (aqui há informações sobre ele).O filme, porém, não fica só em cima do músico. Os depoimentos de gente como Carlos Caladol, Wanderléa e os amigos são intercalados por cenas de filmes da época, em Super 8, e cenas de ficção. É bem legal.

“Procura-se” foi exibido no É tudo verdade, em 2008, e também no É tudo mentira e no Nem tudo é verdade. Ele não é nem curta nem longa (tem 42 minutos), nem documentário nem ficção.

Em um depoimento gravado e exibido após o filme, Rica Saito disse que as sessões  ultrapassam a tela. Ao final da exibição, membros da plateia se levantam – entre eles o próprio Edu Viola – e começam a fazer um show (ou um happening, pra ficar nos mesmos termos). Assim:

Nós falamos no livro do pessoal do Rio, Pernambuco, Minas, Rio Grande do Sul. E quase não viemos para São Paulo. Talvez essa seja a peça que estava faltando. Para saber mais sobre o filme, vale conferir o relato pessoal e a entrevista feita por Gaía Passarelli.

 

ps> as informaçõs sobre ele são do coletivo sÓ


Contracultura na rede

Recebi esse email hoje, vou fuçar mais tarde, mas fica a dica. No melghor estilo faça-você-mesmo punk, Pazcheco Santos, o cara que fez a mítica biografia de Arnaldo Baptista, acaba de lançar a nova versão do seu site. Deixo a apresentação para o próprio:

“Prezados usuários Do Próprio Bol$o,
refazendo esta lista eu vi como sou contraditório e como há uma
quantidade enorme de coisas pendentes e mal arranjadas. Depois desse
‘mea culpa’ venho intimá-los a curtirem s na medida do possível o
“NOSSO” site www.dopropriobolso.com.br – é claro que não tenho ideias
avançadas para ganhar alguns trocados e acredito piamente que a
maioria absoluta aqui nos conhece dos antigos carnavais do século
passado. Eu ainda escrevo as mesmas coisas de sempre, mas aproveito
para destacar o comentário político e esperto do Laerte Braga, as
ficções do Barbieri e matérias regionais sobre o que acontece no
Brasil.

FIQUE POR DENTRO DA RÁDIO DO PRÓPRIOBOL$O
QUE BREVEMENTE ESTAREMOS DISTRIBUINDO PRÊMIOS E ATÉ UMA ESTADIA EM LONDRES!

Atualmente Antonio Celso Barbieri investiu pesadamente na
regulamentação da rádio. O logotipo maior da rádio acabou com a
sensação de vazio e inutilidade da Rádio Do Próprio Bol$o!
A visão agora do site é um imenso degradê. Sua vista não cansará.
Além do movimento constante dos slide há várias camadas de textros
para mergulhar.
Você está curioso? Pois saiba que estamos com 12 novos álbuns on line.
A dinâmica da Rádio Do Próprio Bol&o mudou na forma como se apresenta.
Em destaque, “Black Ice” o laureado álbum novo do AC/DC! Centenas de músicas –
Dezeenas de horas – Peço que os usuários do prórpio bol$o enviem
sugestões: Como estão ouvindo a rádio?
Não esquecendo que o site www.dopropriobolso.com.br está com uma
velocidade maior. Estamos chapados e repletos de ideias lúgubres –
abração!
PS. E não esqueça vossa avaliação é muito importante e necessária.”


Rosa de Sangue nas lojas!

http://1.bp.blogspot.com/_v9oZDutA3m8/SaVBYXR4SqI/AAAAAAAAAK4/8pdSOILlS14/s400/Lula+C%C3%B4rtes+-+Rosa+de+Sangue+(1980)+2.png

Essa é para os colecionadores e amantes da psicodelia brasileira: começou a pré-venda de uma prensagem limitadíssima do disco “Rosa de Sangue”, gravado em 1980 pelo pernambucano Lula Côrtes. A edição é limitada em 500 cópias e o preço é justo: R$ 124,99. Vale muito a pena porque esse disco nunca chegou às lojas, por causa de uma disputa judicial com a gravadora. Ou seja, essa é a ÚNICA chance de ter a bolacha em casa. Rola também baixar o disco (o link está abaixo), mas a qualidade não está muito boa.

“Rosa de sangue” é maravilhoso do início ao fim. Para quem não conhece, Lula Côrtes foi o cara que gravou com Zé Ramalho “Paêbiru”, considerado o maior expoente da chamada psicodelia brasileira. Lula é um personagem folclórico no Recife: músico, poeta, artista plástico, agitador cultural. Nos anos 70, conviveu com todo o povo do udigrudi e foi, digamos, o mentor da contracultura pernambucana – se não fosse ele, acreditem, talvez o mangue beat não teria surgido. A turma de Lula (incluindo aí o Ave Sangria) foi a primeira a misturar o frevo e ritmos regionais ao rock´n´roll. “Rosa de Sangue” é isso: são frevos, forrós, guitarras nervosas e até cítaras em “Oração para shiva”, na mistureba clássica dos sons da contracultura brasileira.

Além do som ser ótimo, as letras também são bem legais:

Dos Inimigos

Dos inimigos
Temos medo ou revolta

De quem nos ama
Temos todo coração

Dos que se perdem
Temos pena ou remorso

Dos que se encontram
Vemos a satisfação

Dos que se negam
Vemos marcas no seu rosto

De quem não ama
Como é triste o seu viver

De quem não vê
Vejo a falta que ele sente

Inutilmente
Nós sentimos o seu sofrer

Do acusado
Já se sente a solidão

De quem não pensa
Vejo gestos tão confusos

De quem não ama
Como é triste o seu viver

De quem não vê
Vejo a falta que ele sente

Inutilmente
Nós sentimos o seu sofrer

http://2.bp.blogspot.com/_v9oZDutA3m8/SaVBYM8OnyI/AAAAAAAAAKw/glGihmyefbQ/s400/Lula+C%C3%B4rtes+-+Rosa+de+Sangue+(1980)+1.jpg

Para baixar o disco, clique aqui (via BrNuggets).

Para comprar a bolacha, vá à Record Collector ou à Rare Records.

Tati


Valeu, Zé

“Músico, compositor, maestro, arranjador, ator, autor, pintor, publicitário, professor e jornalista”. Assim era definido Zé Rodrix em um release que eu recebi. Fiz piada, mas a verdade é que ele era tudo isso mesmo. E, além de tudo, uma das pessoas mais legais que já conheci. Sem exageros.

Estive na casa dele há pouco mais de um mês, para uma entrevista que eu acho que não vai mais sair. Linda casa, com um jardim florido e um pomar carregado, passarinhos cantando, uma cachorra orelhuda e gente boa, detalhes coloridos por todas as partes, um altar carregado de santos. Uma casa que pulsava vida. Tive o privilégio, mesmo que por pouco tempo, de ouvi-lo dedilhar o violão junto com a filha igualmente talentosa Bárbara, de 18 anos. Enquanto o fotógrafo fazia as fotos do pai e da fiha, os dois se olhavam e tocavam seus violões como se o tempo tivesse parado – até que o fotógrafo alertasse: “Zé, olha para a câmera!”. E ele olhava, posava, ria.

A primeira vez que eu o vi simpatizei de cara. Zé Rodrix é o tipo do cara gente boa, que dá vontade de sentar e conversar, que dá vontade de ser amigo. Foi em 2007. Eu e Aline o entrevistamos, junto com o parceiro de longa data Tavito, para nosso TCC. Zé contou histórias cabeludas, fez piada, e demonstrou o tempo todo o carinho imenso que tinha pelo amigo antigo.

Zé Rodrix era doce, e foi tão legal comigo no dia em que eu era só uma estudante pedindo entrevista quanto no dia em que eu fazia reportagem para um veículo grande. Ele era cantor, compositor, músico e tudo aquilo mesmo, mas também era um pai fantástico, um amigo incrível, uma pessoa genial – tinha uma inteligência afiada, mas passava longe da arrogância.

Criou seis filhos de cuca legal e tinha uma casa maravilhosa, cheia de livros e discos. E vida.

Hoje o dia está lindo, mas eu amanheci mais triste. Zé Rodrix faleceu de repente, ontem à noite. Não estava doente, não teve nenhum sintoma. Foi rápido e repentino. Ele era jovem. Lançaria, em breve, um disco novo com Sá e Guarabyra. Tinha 61 anos.

Eu desejo toda a força do mundo à Bárbara e à Júlia, esposa dele, e aos outros filhos e órfãos.

Boa Viagem (Zé Rodrix)
O fogo sempre vivo, o corpo nunca para
E ninguém consegue mais lhe segurar
Essa casa está pequena pro seu ritmo de vida
Qualquer dia desses vai voar pra longe
As mãos que eram tranquilas nunca mais se cruzaram
E ninguém consegue mais lhe segurar
E por mais que faça força essa casa está pequena
Qualquer dia desses vai voar pra longe
E eu que tinha a mais completa certeza
De que ia envelhecer feliz ao seu lado
Vai passando o tempo e se apagando o meu fogo,
E o seu fogo vai crescendo cada vez mais
A porta está aberta, por mais triste que seja
E eu não quero nem tentar lhe segurar
Onde o fogo queima forte, deixa só poeira e cinza
Abra as asas e pode voar
Boa viagem.

Abaixo, trecho (ruim, eu sei) da entrevista que eu e Aline fizemos com ele no Caiubi.

Tati


Se os anos 60 tivessem Twitter…

Tirei daqui. Em tempo: no Twitter, somos @tatikmd e @lolarastaquoere. A Ana ainda não se rendeu.

Tati


Psicodelia infantil?

Monica Bergamo de hoje:

No chão: Edgard Scandurra, Taciana Barros, Arnaldo Antunes e Antonio Pinto; no meio: Joaquim Scandurra, Joaquim Pinto e Brás Antunes; ao fundo: Daniel Barros Scandurra, Manuela Pinto, Luzia Barros, Estela Scandurra, Tomé Antunes e Lucas Scandurra

PSICODELIA INFANTIL Os músicos Arnaldo Antunes, Edgard Scandurra, Taciana Barros e Antonio Pinto decidiram se unir para fazer “música psicodélica” para crianças com a participação dos próprios filhos. O primeiro CD do projeto “Pequeno Cidadão” deve chegar às lojas no dia 2 de maio. Os shows, no estilo matinê, acontecem nos dias 9 e 10, no Sesc Pompeia, e também no novo teatro Anhembi Morumbi, em São Paulo

Aqui.

Tati


Solar da Fossa

Recebi na segunda-feira 16 um release da Editora Record que me deixou animadíssima: o lançamento do livro “Solar da Fossa”, de Toninho Vaz, que retrata os bastidores da pensão que abrigou nos anos 60/70 os grandes personagens da contracultura no Rio de Janeiro.

Fiquei sabendo desse livro direto da boca de Zé Rodrix e Tavito, que moraram naquela pensão nos loucos e longíquos 70´s. Na entrevista que eu e a Aline fizemos com eles para o TCC, em 2007, os dois contaram para a gente histórias absurdas da turma de desbundados que vivia ali. Eles comentaram, sem maiores detalhes, sobre o livro que estava sendo escrito. Quase dois anos depois, eis que recebo o release da Editora Record:

“Histórias e canções de um templo da contracultura
Livro de Toninho Vaz lembra o lendário Solar da Fossa, que durante os anos 60 abrigou artistas como Caetano Veloso e Paulinho da Viola

Entre 1964 em 1971, a pensão Santa Terezinha, instalada em um casarão colonial em Botafogo, tornou-se um dos mais importantes pontos de encontro da contracultura carioca. Apelidada de Solar da Fossa, era habitada por aspirantes a poeta, atrizes, cantores e jornalistas, até ser demolida para dar lugar a um shopping. Caetano Veloso, Gal Costa, Paulinho da Viola, Maria Gladys, Mauro Mendonça e Paulo Coelho foram alguns dos que passaram por lá, onde criaram canções e poesias e deixaram lembranças. Neste livro, o jornalista Toninho Vaz, autor de Paulo Leminski: o bandido que sabia latim, reconstitui a vida artística e criativa que ocupou esse folclórico lugar. SOLAR DA FOSSA acaba de chegar às livrarias pela Editora Record”

Fiquei empolgadíssima. Não comentei nada nos blogs porque queria tentar uma entrevista. E tentei: enviei dois emails às assessoras, sem nenhum retorno.

Eis que hoje abro o Caderno 2, do Estadão, e me deparo com a notícia de que o Toninho está processando a Record. Segundo ele, a editora lançou seu livro à revelia. Ele entrou na segunda-feira 16 com uma liminar para impedir que a obra seja comercializada. A Justiça aceitou.
Toninho Vaz alega que a Record lançou, na verdade, uma versão inacabada e “tosca” do livro. Os originais foram entregues à editora no início de 2007 – o plano do escritor era que o livro fosse lançado em 2008, na comemoração de 40 anos de 1968, o que não aconteceu. Toninho, então, pediu que o material fosse devolvido. E foi. O autor acrescentou mais 20 páginas aos originais, e incluiu também uma introdução de Ruy Castro. Planejava lançar a obra por outra editora – planejava, porque soube por um amigo que seu livro (ou melhor, os originais inacabados) chegaria às lojas nessa semana.

“Eu, Toninho Vaz, não reconheço o livro que por ventura estiver nos próximos dias nas prateleiras das livrarias”, escreveu o autor em seu blog.

Segundo o Estadão, a Editora Record afirmou, por meio de nota, que pagou pelos originais, da maneira como estava previsto o contrato. “Confiamos estar levando ao leitor uma obra importante que retrata um período marcante da indústria cultural do Rio de Janeiro e do País”, diz o texto.

Haverá uma audiência em 20 de maio. A Record terá que pagar multa de R$ 20 mil ao autor se o livro continuar à venda – e, pelo jeito, vai precisar colocar a mão no bolso porque em uma rápida pesquisada na internet é possível encontrar “Solar da Fossa” à venda.

Para saber mais sobre o Solar da Fossa:

Relato da Gal Costa e entrevista com Toninho Vaz.

Tati
(Foto de Fernando Angulo/SP)


Psicodália

Chega o carnaval, e com ele, o Festival Psicodália. Ideal para foliões hippies que querem um rockzinho, um folk, no meio do mato catarinense. Não tive muito tempo de me informar, mas pelo que acompanho o festival, o troço está crescendo. Sâo vários palcos com muitas bancas brasileiras de hoje e, claro, de ontem. Para ter uma noção do que se trata, assista:

Mais infos: www.psicodalia.mus.br

Aqui, post que a Aline fez no ano passado.

Tati