Vímana: a chance para emplacar

Esse veio lá do Velhidade: uma notícia na revista Pop apostando que o Vímana, a banda de rock progressivo de Lulu Santos, Ritchie e Lobão (para ficar entre os mais famosos), enfim deslancharia.

Não deslanchou, hoje a gente sabe. Quase famosos.


Parabéns Ritchie!!!

Hoje, 6 de março, é aniversário do Ritchie – que, para os que não sabem, fez parte do Vímana, ao lado de Lulu, Lobão, Luiz Paulo e Fernando Gama. O inglês completa 55 anos! Parabéns!!!
E para saber um pouquinho mais sobre vida e obra de Richard Court, um pouquinho da BIO dele, retirada de seu site oficial

Intro 1952-1972

1952RITCHIE, é meu apelido há anos mas o meu nome verdadeiro é Richard David Court. Nasci em Beckenham, no condado de Kent, no Sul da Inglaterra no dia 6 de março de 1952.

1954Durante a minha infância e adolescência, por ser filho de militar, morei em diversos países como Quênia, Dinamarca, Italia, Alemanha, Iêmen do Sul e Escócia, além de várias localidades da Inglaterra.

1959Estudei em colégios internos, primeiro Tormore School (dos 7 aos 13 anos), Sherborne School (dos 13 aos 19 anos) e depois cursei a faculdade de literatura inglesa na Universidade de Oxford (Magdalen College).

1972Em 1972, larguei os estudos para tocar flauta numa banda iniciante de Londres chamada Everyone Involved com mais de 20 integrantes.

Gravamos um LP, Either/Or, no mesmo ano, em colaboração com outros artistas londrinos, para contestar os planos de modificação de Piccadilly Circus, no West End da capital. Algumas centenas de cópias foram prensadas e distribuidas gratuitamente na rua. Havia até um selo no disco com os seguintes dizeres:

Se você pagou por isto, você foi roubado!

Os Brasileiros

Durante as gravações do disco do Everyone Involved, o guitarrista Mike Klein me apresentou um grupo de colegas brasileiros, Lucinha Turnbull, Sandra Werneck, Rita Lee e Liminha, estes dois últimos integrantes da banda Os Mutantes, que estavam visitando Inglaterra para comprar instrumentos.

Surgiu desse encontro uma forte amizade e o convite para conhecer o Brasil e eventualmente tocar com eles.

No final de ’72 embarquei, com armas e bagagens, para o Brasil onde acabei formando, em São Paulo, a banda Scaladácida com Fabio Gasparini (guitarras), Sérgio Kaffa (baixo), e Azael Rodrigues (bateria).

A banda acabou ficando bastante conhecida em São Paulo onde fazia shows ao vivo com frequência. Surgiu a possibilidade de um contrato com a gravadora Continental, mas ainda sem um visto regularizado, eu não pude assiná-lo. Com a dissolução da banda no final de ’73, decidi tentar a sorte no Rio de Janeiro com minha mulher, a arquiteta e estilista carioca, Leda Zuccarelli.

Rio de Janeiro

Dei muitas aulas de inglês (particularmente e, mais tarde, na Escola Berlitz). Meus alunos daquela época incluiam o multi-instrumentalista, Egberto Gismonti, a cantora, Gal Costa e o saxofonista, Paulo Moura. No caso desse último , eu dava aulas de inglês em troca por aulas de flauta.

Inicialmente fazendo backing vocais e tocando flauta, participei do grupo de jazz-rock Soma liderado pelo baixista Bruce Henry. O percussionista da banda era Alyrio Lima, (que chegou a gravar, anos depois, quando já morava nos EUA, com o grupo fusion, Weather Report, com o trompetista, Miles Davis e com o guitarrista, John McLaughlin).

Logo depois entrei para A Barca do Sol, como flautista, (ao lado dos violonistas, Nando Carneiro e Muri Costa, o percussionista, Marcelo Costa e o violoncellista e arranjador, Jaques Morelenbaum).

Em determinado momento sugeri que eu cantasse, em vez de tocar flauta, e fui prontamente despedido da banda! Afinal, onde já se viu um gringo cantando MPB em português? Um absurdo!

Vímana

Em 1975, aceitei um convite para ser cantor & flautista na banda progressiva carioca, Vímana.

Inicialmente fomos contratados para acompanhar a atriz Marilia Pêra na peça musical A Feiticeira. Eu tocava flauta. O Vímana utilizava o teatro às tardes para ensaiar exaustivamente.

Os outros integrantes da banda eram o guitarrista, Lulu Santos, o baterista, Lobão, o baixista, Fernando Gama e o tecladista, Luiz Paulo Simas. Tocavamos com frequência no Museu de Arte Moderna e principalmente nos teatros do Rio, conquistando, aos poucos, um público fiel ao nosso estilo híbrido de rock-jazz-pop-samba-funk progressivo.

Em 1977, foi lançado nosso único compacto simples Zebra pelo selo Som Livre. O LP foi arquivado pela gravadora que alegava não haver público para o rock no Brasil.

No final dos anos 70, Vímana chegou a ensaiar, como banda de apoio, com o tecladista suiço, Patrick Moraz, (ex-Yes, ex-Moody Blues etc.). Insatisfeito com a situação, Lulu deixou a banda para se dedicar a sua carreira solo.

Com a saída do Lulu, a banda se dissolveu e cada integrante foi para seu lado. Voltei ao ensino de inglês em tempo quase integral, tocando música por prazer. Quase cheguei a acreditar que tocar rock no Brasil era uma causa perdida.

Let the Thunder Cry

Meu primeiro encontro pessoal com o Jim Capaldi, (baterista e letrista da banda pioneira inglesa, Traffic), foi quando ele esteve de férias no Rio em 1974.

Jim se tornou um grande amigo. Ele era casado com uma carioca e passava longas temporadas no Rio. Às vezes, ele gravava suas demos de novas músicas em meu pequeno apartamento em Copacabana.

Em 1980, Jim me convidou para voltar à Londres, onde participei, como vocalista e arranjador, de seu álbum solo, Let the Thunder Cry. De repente me encontrei trabalhando ao lado de cobras como Steve Winwood (Traffic), Andy Newmark (John Lennon etc.), Simon Kirke (Free, Bad Company), Reebop Kwaaku Bah (Traffic) e Mel Collins (King Crimson).

Quando voltei ao Brasil, decidi procurar novamente o Bernardo Vilhena, que havia feito algumas letras para a extinta banda, Vímana. Começamos a compor juntos as músicas de um eventual disco solo, que, pela primeira vez, seria cantado inteiramente em português.

Uma certa menina veneno… (para ler como continua esta história, clica aqui)

Aline