Psicodelia Brasileira Recomenda: Jupiter Apple Combo

JUPITER APPLE COMBO

Depois de um bom tempo sem fazer shows, e agora morando em São Paulo, o maior ícone do rock gaucho de todos os tempos, e vanguardista, Jupiter Maça, retorna agora num show inédito, experimentando o Jazzy sounds, Bossa Nova, pitadas de Nouvelle Vague e texturas aveludadas.

Revisitando alguns de seus clássicos e mais duas musicas inéditas, com o formato genuíno de combo.

voz JUPITER MAÇA

piano ASTRONAUTA PINGUIM

baixo LUIS THUNDERBIRD

bateria FELIPE MAIA

ABERTURA DO SHOW: Laura Wrona

Dj RESIDENTE: DJENNIPHER

Quando: 27 de abril, sexta

Horario: 23h

Entrada: $ 12

Projeto: La Noche Cool

Onde: Clube Berlin – SP

Pra quem quiser se aventurar, fica a dica!

Aline


Arnaldo Baptista na Rolling Stone

Marcus Preto

Produtivo, o ex-Mutante lança livro e prepara novo disco sem abandonar seu lado psicodélico

Definitivamente fora dos Mutantes, a lenda viva do rock brasileiro não pára de trabalhar. Está compondo um disco novo, em que toca todos os instrumentos, e acaba de lançar Rebelde entre os Rebeldes, ficção semi-autobiográfica escrita em 1980. Sua vida rende ainda o documentário Loki?, dirigido por Paulo Henrique Fontenelle, que deve estrear nos cinemas no segundo semestre. Sua próxima vontade secreta, admite, é “fazer a música telepática”.

É chato ser uma lenda?
Isso me deixa besta. Há uns dois dias, fiz o lançamento do meu livro no Rio de Janeiro. E estava lá uma menina que tinha tatua-do no braço os Mutantes na época da Shell [1968]. Falei pra ela: “Eu não mereço isso!”. Tem coisas que acontecem que a gente nem imagina. Eu gosto.

Rebelde entre os Rebeldes mostra um conhecimento considerável de física e outras ciências. Você estudou esses assuntos?
Esses dados de física me interessam na medida em que a música alcança o campo da matemática. Com isso eu me identifico. O livro tem a ver com os vários lugares onde morei enquanto estava escrevendo. Revelaram-se coisas da minha personalidade que eu nunca esperava. Isso aparece naqueles personagens imaginários. Cada um é uma parte das pessoas com quem convivo e de mim mesmo. Faço uma espécie de condensação do que tem a ver comigo e uso uma pessoa só.

Você chegou a participar de sessões de telepatia, conversas com seres de outras dimensões, viagens no tempo e outras situações narradas no livro?
A única coisa que vi na minha frente foi um disco voador ultrapassar a velocidade da luz. Quando tinha 16 anos, minha mãe me contou que já tinha visto essas coisas, e eu nunca consegui acreditar. Já fiz muitas sessões espíritas, mas nunca tive nenhum dado prático. Então, fiquei por aí, nessa vontade até de fazer a música telepática. Fico imaginando em que ponto de evolução deve estar a física das entidades extraterrenas, que certamente deixam a gente pra trás. Se a gente pudesse partilhar disso seria mais importante do que apostar alguma coisa ou entrar em guerra.

Você lê esta matéria na íntegra na edição 21 da Rolling Stone Brasil, junho/2008


Psicodelia brasileira recomenda: Psicodelia no Auditório Ibirapuera

VIOLETA DE OUTONO TRAZ ROCK PSICODÉLICO AO AUDITÓRIO IBIRAPUERA

Cultuada banda paulistana apresenta último trabalho, Volume 7

Com 23 anos de estrada, muito lirismo e psicodelia, a banda Violeta de Outono incorpora influências de bandas inglesas dos anos 70, como Camel, Caravan e Soft Machine, no palco do Auditório Ibirapuera.

No repertório seu sétimo disco, Volume 7, com oito composições novas que destacam o trabalho do órgão Hammond, órgão elétrico desenvolvido por Laurens Hammond como uma alternativa de baixo custo ao órgão de tubos. O instrumento acabou sendo usado para o jazz, blues e então para uma extensão do rock and roll, nas décadas de 1960 e 1970.

No palco os músicos Fábio Golfetti (guitarra e voz), Cláudio Souza (bateria), Fernando Cardoso (órgão Hammond, piano e moog) e Gabriel Costa (baixo).

O show contará ainda com as participações especiais de Manito e André Peticov. Manito integrou o Som Nosso de Cada Dia, banda brasileira seminal dos anos 70 e também foi o criador dos Incríveis, ao lado de Netinho, nos anos 60. Andre Peticov ficou conhecido por fazer os cenários e efeitos visuais nos shows psicodélicos do Mutantes ao lado do irmão, o artista plástico Antônio Peticov.

O Violeta de Outono surgiu na metade dos anos 80, em São Paulo, e se manteve fiel ao seu som, fazendo uma música que mistura rock dos anos 60 ao experimentalismo do rock progressivo dos anos 70.

A banda é conhecida por seu som hipnótico de influências psicodélicas, e suas apresentações ao vivo são sempre marcantes devido à atmosfera viajante e às longas passagens instrumentais, levando o público a um estado de transe.

Dias: 30 de Março de 2008
Horário: Domingo, 18h
Duração: 90 minutos (Aproximadamente)
Ingresso: R$ 30,00 e R$ 15,00 (meia-entrada)
Gênero: Rock Progressivo
Classificação Indicativa: Livre

Programação:

Volume 7
Participações especiais: Manito e Andre Peticov
Parcerias: Hammond, Suprisul e Kiss FM


Parabéns Ritchie!!!

Hoje, 6 de março, é aniversário do Ritchie – que, para os que não sabem, fez parte do Vímana, ao lado de Lulu, Lobão, Luiz Paulo e Fernando Gama. O inglês completa 55 anos! Parabéns!!!
E para saber um pouquinho mais sobre vida e obra de Richard Court, um pouquinho da BIO dele, retirada de seu site oficial

Intro 1952-1972

1952RITCHIE, é meu apelido há anos mas o meu nome verdadeiro é Richard David Court. Nasci em Beckenham, no condado de Kent, no Sul da Inglaterra no dia 6 de março de 1952.

1954Durante a minha infância e adolescência, por ser filho de militar, morei em diversos países como Quênia, Dinamarca, Italia, Alemanha, Iêmen do Sul e Escócia, além de várias localidades da Inglaterra.

1959Estudei em colégios internos, primeiro Tormore School (dos 7 aos 13 anos), Sherborne School (dos 13 aos 19 anos) e depois cursei a faculdade de literatura inglesa na Universidade de Oxford (Magdalen College).

1972Em 1972, larguei os estudos para tocar flauta numa banda iniciante de Londres chamada Everyone Involved com mais de 20 integrantes.

Gravamos um LP, Either/Or, no mesmo ano, em colaboração com outros artistas londrinos, para contestar os planos de modificação de Piccadilly Circus, no West End da capital. Algumas centenas de cópias foram prensadas e distribuidas gratuitamente na rua. Havia até um selo no disco com os seguintes dizeres:

Se você pagou por isto, você foi roubado!

Os Brasileiros

Durante as gravações do disco do Everyone Involved, o guitarrista Mike Klein me apresentou um grupo de colegas brasileiros, Lucinha Turnbull, Sandra Werneck, Rita Lee e Liminha, estes dois últimos integrantes da banda Os Mutantes, que estavam visitando Inglaterra para comprar instrumentos.

Surgiu desse encontro uma forte amizade e o convite para conhecer o Brasil e eventualmente tocar com eles.

No final de ’72 embarquei, com armas e bagagens, para o Brasil onde acabei formando, em São Paulo, a banda Scaladácida com Fabio Gasparini (guitarras), Sérgio Kaffa (baixo), e Azael Rodrigues (bateria).

A banda acabou ficando bastante conhecida em São Paulo onde fazia shows ao vivo com frequência. Surgiu a possibilidade de um contrato com a gravadora Continental, mas ainda sem um visto regularizado, eu não pude assiná-lo. Com a dissolução da banda no final de ’73, decidi tentar a sorte no Rio de Janeiro com minha mulher, a arquiteta e estilista carioca, Leda Zuccarelli.

Rio de Janeiro

Dei muitas aulas de inglês (particularmente e, mais tarde, na Escola Berlitz). Meus alunos daquela época incluiam o multi-instrumentalista, Egberto Gismonti, a cantora, Gal Costa e o saxofonista, Paulo Moura. No caso desse último , eu dava aulas de inglês em troca por aulas de flauta.

Inicialmente fazendo backing vocais e tocando flauta, participei do grupo de jazz-rock Soma liderado pelo baixista Bruce Henry. O percussionista da banda era Alyrio Lima, (que chegou a gravar, anos depois, quando já morava nos EUA, com o grupo fusion, Weather Report, com o trompetista, Miles Davis e com o guitarrista, John McLaughlin).

Logo depois entrei para A Barca do Sol, como flautista, (ao lado dos violonistas, Nando Carneiro e Muri Costa, o percussionista, Marcelo Costa e o violoncellista e arranjador, Jaques Morelenbaum).

Em determinado momento sugeri que eu cantasse, em vez de tocar flauta, e fui prontamente despedido da banda! Afinal, onde já se viu um gringo cantando MPB em português? Um absurdo!

Vímana

Em 1975, aceitei um convite para ser cantor & flautista na banda progressiva carioca, Vímana.

Inicialmente fomos contratados para acompanhar a atriz Marilia Pêra na peça musical A Feiticeira. Eu tocava flauta. O Vímana utilizava o teatro às tardes para ensaiar exaustivamente.

Os outros integrantes da banda eram o guitarrista, Lulu Santos, o baterista, Lobão, o baixista, Fernando Gama e o tecladista, Luiz Paulo Simas. Tocavamos com frequência no Museu de Arte Moderna e principalmente nos teatros do Rio, conquistando, aos poucos, um público fiel ao nosso estilo híbrido de rock-jazz-pop-samba-funk progressivo.

Em 1977, foi lançado nosso único compacto simples Zebra pelo selo Som Livre. O LP foi arquivado pela gravadora que alegava não haver público para o rock no Brasil.

No final dos anos 70, Vímana chegou a ensaiar, como banda de apoio, com o tecladista suiço, Patrick Moraz, (ex-Yes, ex-Moody Blues etc.). Insatisfeito com a situação, Lulu deixou a banda para se dedicar a sua carreira solo.

Com a saída do Lulu, a banda se dissolveu e cada integrante foi para seu lado. Voltei ao ensino de inglês em tempo quase integral, tocando música por prazer. Quase cheguei a acreditar que tocar rock no Brasil era uma causa perdida.

Let the Thunder Cry

Meu primeiro encontro pessoal com o Jim Capaldi, (baterista e letrista da banda pioneira inglesa, Traffic), foi quando ele esteve de férias no Rio em 1974.

Jim se tornou um grande amigo. Ele era casado com uma carioca e passava longas temporadas no Rio. Às vezes, ele gravava suas demos de novas músicas em meu pequeno apartamento em Copacabana.

Em 1980, Jim me convidou para voltar à Londres, onde participei, como vocalista e arranjador, de seu álbum solo, Let the Thunder Cry. De repente me encontrei trabalhando ao lado de cobras como Steve Winwood (Traffic), Andy Newmark (John Lennon etc.), Simon Kirke (Free, Bad Company), Reebop Kwaaku Bah (Traffic) e Mel Collins (King Crimson).

Quando voltei ao Brasil, decidi procurar novamente o Bernardo Vilhena, que havia feito algumas letras para a extinta banda, Vímana. Começamos a compor juntos as músicas de um eventual disco solo, que, pela primeira vez, seria cantado inteiramente em português.

Uma certa menina veneno… (para ler como continua esta história, clica aqui)

Aline


Teste a sua psicodelia!

Um amigo que tem muito o que fazer lá na editora Abril deu uma fuçadinha nos arquivos da Bizz e achou o seguinte teste! Valeu meu querido pinguim! 😉

Enjoy,

Aline

PUBLICAÇÃO: ShowBizz  DATA: 00/03/1997 EDIÇÃO: 140  PÁG.: 86 

Você já experimentou?

O rock psicodélico faz trinta
anos e quem embarca na viagem é
você, com este teste ácido

 1. Em 1969, o guitarrista Jimi Hendrix montou a Band Of Gypsies ao lado do baixista Billy Cox e o baterista Buddy Miles. Cox foi colega de Hendrix no exército. Os dois:
 a) Serviram como atiradores de elite
 b) Serviram como pára-quedistas
 c) Serviram como garçons nas festas dos oficiais
 d) Serviram de fornecedores de lança-perfume
 e) Não serviram pra nada, estavam doidões

2. Os Beatles mudaram os rumos da música em 1967, com o lançamento de Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band. Muitas das idéias desse disco foram aproveitadas de um álbum clássico de uma banda americana. Qual?
 a) The Pink Sphyncter, dos Honchos
 b) Pet Sounds, dos Beach Boys
 c) Press More And She Will Fart, dos Troggs
 d) Are You Experienced, Jimi Hendrix
 e) Pet Sounds, dos Beach Boys
 
 3. Frank Zappa ironizou o modo de vida dos hippies em We’re Only In It For The Money. Mas em 1963, ele já causava espanto ao aparecer num programa de calouros:
 a) Fantasiado de Girafa Priápica
 b) Inventando a dança da garrafa
 c) Mostrando a obra “Concerto Para Bicicleta”
 d) Peidando as sete notas musicais
 e) Fazendo um solo de trinta minutos
 
 4. O grupo Buffalo Springfield durou apenas três anos (de 1966 a 1969), mas dois de seus integrantes tiveram vida longa no rock’n’roll: Stephen Stills e Neil Young. Stills foi recusado numa banda famosa por “não ter o visual adequado”. Qual banda?
 a) Village People
 6) The Besuntated Dwarfs
 c) Carrapicho
 d) The Byrds
 e) Monkees
 
 5. Janis Joplin, ao lado da banda Big Brother And The Holding Company, arrebentou no Festival de Monterrey, em 1967. O álbum deles, Cheap Thrills, teve a capa desenhada por um cartunista famoso. Quem?
 a) Alex Raymond
 b) Carlos Zéfiro
 c) W. Epaa
 d) Walt Disney
 e) Robert Crumb
 
 6. Syd Barrett, Roger Waters, Nick Mason e Rick Wright eram estudantes de arquitetura em Londres quando, em 1964, decidiram formar o Pink Floyd. Três anos depois eles lançaram The Piper At The Gates Of Dawn, obra-prima do rock lisérgico. O nome Pink Floyd foi tirado:
 a) De uma viagem de cola de sapateiro
 b) Do livro O Senhor Dos Anéis De Couro
 c) De dois bluesmen, ídolos de Syd Barrett
 d) Da música “Pink Floyd Dropping From My Dick”
 e) De um tipo de ácido lisérgico

 7. The Byrds era um grupo influenciado por folk e country music cujos quatro primeiros discos são considerados clássicos. Qual a música deles tocada pelo grupo punk Husker Dü?
 a) “Mr. Tambourine Man”
 b) “Sorry Somehow”
 c) “Essa Nega Tá Fedendo”
 d) “Eight Miles High”
 e) “I Feel A Whole Lot Better”

 8. Surrealistic Pillow, o álbum de estréia do Jefferson Airplane, vendeu meio milhão de cópias em 1967. Nos anos 80, seu vocalista Marty Balin teve uma canção regravada por uma cantora brasileira. O nome dela:
 a) Marina
 b) Angela Rô Rô
 c) Edson Cordeiro
 d) Lady Zu
 e) Marisa Monte

 9. Em 1967, o grupo inglês The Who lançou Sell Out, um disco que satirizava a publicidade. A participação deles em Woodstock foi histórica. Tudo porque Pete Townshend:
 a) Gritou “Uêpa” e bailou salsa e merengue
 b) Tocou o hino nacional americano
 c) Tocou a 5ª Sinfonia de Beethoven
 d) Expulsou um líder hippie a golpes de guitarra
 e) Masturbou-se em frente às câmeras, de olho no bumbum de Roger Daltrey

 10. O Cream misturava blues pesado com solos longos e repletos de virtuosismo. Qual era a sua formação?
 a) Jimmy Page (guitarra); Keith Moon (bateria) e John Entwistle (baixo)
 b) Eric Clapton (guitarra); Ginger Baker (bateria) e Jack Bruce (baixo)
 c) Jeff Beck (guitarra); Ginger Baker (bateria) e Chris Dreja (baixo)
 d) Eric Clapton (guitarra); Keith Moon (bateria) e Dé (baixo)
 e) Jeff Beck (guitarra); Leospa (bateria) e Ricky Martin (por baixo)
 
 11. Liderado por Arthur Lee (guitarra e vocais), o grupo californiano Love tem como obra-prima o álbum Forever Changes (1968). Uma das faixas do disco foi regravada por uma banda de hard rock. A música e a banda são, respectivamente:
 a) “Alone Again Or”, U.F.O.
 b) “Toys In The Attic”, Aerosmith
 c) “Infinite Highway”, Capital Inicial
 d) “Rebel Maniac”, Viper
 e) “Just My Imagination”, Rolling Stones

 12. Liderado pelo guitarrista Jerry Garcia, o Grateful Dead é um dos símbolos do rock psicodélico. A legião de fãs malucos que acompanha o grupo por todo canto virou lenda também, sendo apelidada…
 a) Shitheads
 b) Braindeads
 c) Grateful Kids
 d) Bungholes
 e) Deadheads

TESTE DO PH CEREBRAL
 

12 acertos – Alka-Seltzer
 Você é o antiácido em forma de gente. Se sabe tudo isso, é porque não viveu a experiência. Botou debaixo da língua, mas não tragou.

 8 a 11 acertos – Patetinha
 Sua margem de acertos é de 3/4 (sempre uma boa fração, não é mesmo?)

 4 a 7 acertos – Danoninho
 Levemente acidulado, você tem lactobacilos vivos na memória.

 O a 3 acertos – Derretidão
 Você viu o circo pegar fogo dentro do seu próprio cérebro.

 Respostas: 1-b • 2-b • 3-c • 4-e • 5-e • 6-c • 7-d • 8-a •  9-a • 10-b • 11-a • 12-e


Newsssssssssss

Hey gente bege, tem novidade neste humilde blog.

Montamos uma pagininha (BAIXAKI) com links para download de música psicodélica, ok? Como faz tempo que baixamos e tals, pode acontecer do link que postamos estar inativo e etc e tals… caso isso ocorra, deixa um comentariozinho, avisando, vai?

Servimos bem pra servir sempre!

Aline


Trechos, pareceres e outras formas psicodélicas de escrever

Bueno, estamos na reta final final do final do finalzinho MESMO.  Cinco capítulos já foram revisados e entregues para a diagramação, feita pelo GRAAAAAAAAANDE Thiago – que tem quebrado um galho gigantesco, afinal, lidar com três meninas loucas sem a menor noção de gráfica, impressão, diagramação e afins não é fácil.

Estamos tentando marcar um dia com o calanca para poder fotografar direito as capas dos discos que vamos citar no livro.

Também já começamos a correr atrás de avaliadores pra banca. Até agora, pensamos em Carlos Calado e Fábio Massari… espero que aceitem…

Mas, o bom é que tá tudo liiiiiiiiiindo, como diria Caetano. E pra aproveitar os dizeres alheios, como enfatizaria Lanny Gordin: Mais um dia.

UFA!

Para instigar os que curtem nosso trabalho… aqui seguem alguns trechos dos capítulos prontos:

Introdução

Imagine uma sociedade cinzenta. Nessa sociedade, havia um oásis colorido. Pense em paz, amor, Woodstock, Monterey, guitarras de Hendrix, tons de Joplin, Greatful Dead, The Mamas & The Papas, Ravi Shankar, Steppenwolf, Beatles, Rolling Stones.  Adcione pitadas de excentricidade brasileira: batons vermelhos, roupas berrantes, cores. Flores. Muitas flores. Punhados de lisergia, cogumelos, peiote, LSD, maconha, jurema, ayhuasca. Cabelos compridos, barbas mal feitas, pensamentos indomáveis, repressão, Carlos Castañeda, ditadura, Thimoty Leary.  Jeans desbotados, bordados, roupas usadas, batas indianas, vestidos e saias compridas, tecidos naturais. Cheiro de Patchouli.

Misture com liberdade em grandes doses. Muita liberdade. Encha a mão, não tenha medo, porque esta, além de dar gosto, dita o caminho. Aproveite os tão renegados instrumentos elétricos e coloque junto alguns batuques e tambores afro, sanfonas, triângulos e tudo que lhe parecer interessante da cultura tupiniquim. Embarque na levada da Tropicália e siga sempre rumo à inovação. Contra o arroz e feijão, a macrobiótica. Plantações de inhames devem vir antes dos enlatados.

Não simplifique! Arranjos em quatro por quatro não são bons sinais. Ouse. Invente. Transgrida. Por que não um sete por três? O impossível não existe. Solos de guitarra, baixo, bateria, flauta, zabumba, cítara, que passem dos dez minutos levarão o público à loucura. O negócio não é ser pop, mas sim criar um novo jeito de tocar. Junte todas as tribos – hippies, cocotas, caretas, desbundados – este último em maior escala. Religiões orientais podem dar um tempero extra. Transcenda-se.

Pense nisso tudo concentrado, feito em acetato e tomando forma de vinil. Deixe maturando por pelo menos trinta anos, até uma nova geração resgatar o bololô e exigir explicações para tentar entender o que saiu dali. As boas histórias são o que valem e as lembranças dessa época brilhante e colorida ficarão gravadas para sempre. Agora em forma de livro.

***

Módulo 1000

Em um show em Brasília, em 1972, tudo corria como de costume. Os garotos subiram no palco, tocaram, foram bem recebidos, até começarem os primeiros acordes de “Turpe est…”. Imediatamente subiram quatro homens vestidos com ternos pretos, óculos escuros, e começaram a desligar os cabos dos instrumentos no meio da apresentação. Levaram a banda para  a direção de um carro. Fizeram-nos entrar. “A única coisa que eu pensei nesse momento é que iria morrer. Adeus, mamãe; adeus, papai; adeus, maninha; adeus, Zepelim – meu rato de estimação”, brinca Romani. Ficaram todos dentro de uma salinha enquanto os homens da censura perguntavam qual era a mensagem subversiva contida naquela música. Em certo ponto perceberam que os meninos diziam a verdade e que, o único fato em questão, era o de que eles acabaram de pagar um grande mico. Liberaram o Módulo 1000. Hoje, uns lembram-se do causo enquanto outros juram que ele não aconteceu.

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Nordeste

A I Feira Experimental de Música do Nordeste, que aconteceu em onze de novembro de 1972, reuniu a “juventude prafrentex” de Recife. O “Woodstock cabra da peste” não deixou nada a dever para o original californiano: lendas dão conta que a platéia divertia-se tomando ácido dissolvido em baldes de Q-suco. Foi entre aquele “pôr e nascer do sol” que subiu ao palco uma recém-formada banda, ainda sem nome, composta por jovens músicos da periferia do Recife.

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Ronnie Von

Na mídia, o fracasso retumbou. À época do lançamento, apenas dois jornais – “malucos”, diria o cantor – deram aval positivo à pérola psicodélica. O Jornal do Brasil, no Rio, com a manchete “A que veio Ronnie Von” e o Estado de S. Paulo, com duas páginas sob o título “Ronnie, esse desconhecido”. O resto “descia o pau”.  “Eu me senti, assim, um ladrão da gravadora. ‘Pegou o dinheiro e jogou fora’. Eu era profundamente perseguido por muita gente, era uma coisa sistemática. Tinha um jornalista, não me lembro o nome, que escrevia vinte notícias: dezenove de futebol e uma era sempre ‘Ronnie Von é homossexual’, ‘Ronnie Von é ladrão’, ‘Ronnie Von é não sei o que’”, desabafa. E o fracasso refletiu na auto-estima já abalada do não mais “Pequeno Príncipe”.

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Serguei

Serguei chocava com sua posição andrógena anos antes de Ney Matogrosso surgir com os Secos e Molhados. “Hoje se fala muito em Marylin Manson. Eu já era Marylin Manson antes de Marylin Manson existir!”, compara, fazendo questão de lembrar que foi um dos primeiros a usar interlace (técnica de entrelaçamento de fios para fixar perucas) no país e que adotou de vez as flores como acessórios quando Rita Lee um dia as colocou em seus cabelos. “Fica tão bem em você”, disse na ocasião a vocalista dos Mutantes, grupo “altamente psicodélico”, segundo ele. “Rita Lee é a rainha do rock no Brasil. Pode gravar até disco music, não tem problema, coração. Ela tem um toque de Midas do rock’n’roll, onde bota o dedo vira rock”, derrete-se.

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Som Imaginário 

Nessa época, Zé Rodrix e Tavito moravam juntos, em uma espécie de comunidade com o guitarrista Marco Antônio Araújo. O trio constituía a “Família Matadouro”, devido à enorme quantidade de mocinhas arrebatadas por eles. Funcionavam como um relógio: os músicos dormiam das 6h às 10h da manhã, iam à praia, em Copacabana; voltavam da praia, normalmente com uma garota, e dormiam até as 18h. Acordavam, tomavam banho e iam para os shows, e depois seguiam para o Sachinhas, de onde só saíam às 6h da manhã. Em casa, só andavam nus. Para ter algum controle, penduravam avisos como “nesta cama é proibido trepar”. Às vezes, doidões, passavam o dia todo desenhando. E sempre esqueciam de pagar a conta de luz. Um dia, tomaram um ácido e a luz foi cortada; acenderam um lampião e ficou a família toda viajando ao som de The Band. Em outra ocasião, foram fazer turnê em BH por uma semana. Na volta, quando eles chegaram no hall do apartamento, deram de cara com uma desagradável surpresa. “Quando a gente olha, tinha vermes saindo pela porta. Uma trilha que ia até a geladeira. Tinha acabado a luz e na geladeira apodreceu bife, carne”, lembra Zé Rodrix.

Aline


Psicodelia Brasileira Recomenda: Debate sobre Tropicalismo no RJ e site

Principal site do tropicalismo volta ao ar

DA SUCURSAL DO RIO

O principal site sobre o tropicalismo (www.tropicalia.com.br) voltou ao ar ontem à noite com uma série de páginas novas, como a que mostra Caetano Veloso e Gilberto Gil cantando, respectivamente, “Alegria, Alegria” e “Domingo no Parque” no festival da Record de 1967.
Criado em 2000 pela produtora cultural Ana de Oliveira, o endereço tem agora cerca de 600 páginas de conteúdo, que cobrem da pré-história do movimento, em Salvador, a seus desdobramentos no Brasil e no exterior.

O tropicalismo também será lembrado hoje num debate entre o diretor teatral José Celso Martinez Corrêa e o cineasta Julio Bressane, às 18h30, no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro (0/xx/21/3808-2020), com entrada franca.

 (Da Folha de S.Paulo, 24/10/2007)


Psicodelia Brasileira Recomenda: Diabos e simpatizantes

Eu sei que não é brasileiro, mas quem gosta de música, quem lê estes escritos, com certeza vai simpatizar com o gringo em questão.

Convite de uma cabine que não fui… nhé…

Daylight Film e a 31º Mostra Internacional de Cinema de São Paulo convidam para a Cabine de Imprensa do filme: The Rolling Stones – Sympathy for the Devil, de Jean Luc Godard.”

Sinopse: Depois da proibição por parte do diretor Jean Luc Godard, que não reconheceu os cortes feitos pelo  produtor feitos no filme Sympathy for The Devil, as duas polêmicas obras serão exibidas juntas. Os filmes são documentários inusitados sobre a contracultura vivida nos anos 60 através do olhar de um dos grandes cineastas do século., ilustrados pelas imagens de uma das maiores bandas de rock, The Rolling Stones. One plus One é o primeiro director`s cut da história do cinema.

 OBS> Os filmes – One plus One e Sympathy for the Devil –  sairão em DVD em novembro – VIVA!!!

Para os que ficaram curiosos, nosso amigo youtube hospeda o trailer do dito cujo, ó:

Logo mais posto coisas novas que recebemos de Daniel Romani – fotos, lambe-lambes, cartazes e flyers de shows do Módulo 1000.

Aline


Terence Mckeena

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Terence Mckeena era um pesquisador de drogas alucinógenas. Morreu com câncer no cérebro. Não o conhecia, e lendo essa entrevista no Fudeus, achei seus relatos sobre as profundezas da mente humana muito pertinentes.

Experiências psicodélicas não são para qualquer um. Como diz meu pai, o (Santo) Daime é para todos, mas nem todos são para o Daime. Nem Daime, nem cogumelo, nem LSD. Nesta nossa pesquisa, estamos lidando com pessoas incríveis, que tem muito a dizer sobre os temas abaixo citados. Que aproveitaram essas experiências para o “bem” ou para o “mal”. Entre os que se enquadram na segunda opção, estão os loucos, os paranóicos, os que, de alguma forma, não se enquadram na comunidade humana, como Mckeena cita.

Se, por um lado, a expansão da mente humana pode ser uma experiência mágica e incrível, também pode abrir a porta das trevas. Dá um pouco de medo. Nós estamos tendo contato próximo com muitas dessas pessoas – e não há como não se impressionar com alguns relatos. Bom, esperamos conseguir traduzir esse sentimento em nossos escritos.

Enquanto isso, corto-e-colo a entrevista do Fudeus:

Para que servem suas pesquisas com substâncias psicodélicas?
MCKENNA: É uma tragédia pensar que alguém pode ir para o caixão ignorante das possibilidades da vida. E faço analogia com o sexo. Poucas pessoas podem evitar, em suas vidas, uma experiência de natureza sexual, já que sexo é uma das informações de que a condição humana dispõe. Sexo é um grande prazer, sexo liberta. Detesto pensar que alguém pode morrer sem experimentar sexo! O mesmo acontece com a experiência psicodélica. Ela é parte legítima da condição humana. Ela disponibiliza uma infinidade de informações fundamentais que perdemos quando o homem passou a se distanciar da natureza.

“Food of the Gods” liga DMT à psilocibina. Qual a relação?
MCKENNA: A psilocibina (presente em alguns cogumelos e no LSD) e o DMT são quimicamente da mesma família. Meu livro é sobre a história das drogas; mostra o impacto cultural e o poder de desenhar a personalidade que elas possuem. As pessoas têm tentado, sem sucesso, responder como nossas mentes e consciências podem derivar do macaco. Já formularam todo o tipo de teoria sobre isso, mas para mim a chave que destranca este grande mistério é a presença de plantas psicoativas na dieta do homem primitivo.

PS: A um tempo atrás eu perguntei se o LSD tinha algo haver com os cogumelos e me disseram que não tinha nada a ver… então, oq me dizem?

O que o levou a concluir isto?
MCKENNA: A teoria ortodoxa da evolução nos diz que pequenas mudanças adaptativas de uma espécie acabam sendo geneticamente impressas em seu DNA. Os descendentes da espécie vão acumulando novas mudanças adaptativas, até que o conjunto de mudanças gere outra espécie. Pesquisas de laboratório mostram que a psilocibina, mesmo ingerida em quantidades muito pequenas, é capaz de imprimir mudanças em nós. Nos anos 60 Roland Fisher, do National Institute of Mental Health, deu psilocibina a voluntários, e então realizou testes oftalmológicos. Os resultados indicaram que a visão periférica aumenta quando havia psilocibina no organismo do voluntário.
Bem, o aumento da visão periférica seria de grande ajuda adaptativa para o hominídeo, pois caçavam com mais sucesso e se defendiam melhor, também!

Então aqui temos o fator químico: quando adicionado à dieta, psilocibina resultou num excelente “artefato” de sobrevivência.Quando os macacos desceram das árvores encontraram cogumelos no solo. Em pequenas quantidades aumentou sua capacidade visual periférica; em maiores quantidades, aumentou as atividades de seus sistemas nervosos centrais, que resulta em maior atividade sexual e, conseqüentemente, descendentes que carregam genes modificados pela psilocibina.

Como as informações disponíveis sobre a psilocibina sustentam sua teoria?
MCKENNA: Bem, este é o problema: a psilocibina foi descoberta em 1953, e não foi totalmente caracterizada até ser proibida, em 66. A janela de oportunidade que se abriu para estudá-la foi de apenas nove anos. Quem pesquisava a psilocibina nem sonhava que os estudos seriam proibidos pelo governo americano! Quando o LSD foi apresentado à comunidade psicoterapêutica, e uma grande esperança de estudos dos processos mentais e psicológicos se abriu, o governo suprimiu as pesquisas com drogas psicodélicas. A conseqüência disto é que a comunidade científica está capenga, pois não pôde cumprir sua missão de conhecer profundamente os mistérios da mente humana. A ignorância e o medo do governo atrapalharam o trabalho dos cientistas.

Você está dando uma enorme quantidade de poder a uma droga. O que você pode dizer sobre a psilocibina?

MCKENNA: Ainda não sabemos tudo o que a psilocibina e o DMT podem oferecer. É como quando Colombo avistou terra, e alguém disse, “Então você viu terra. Isso é importante?”, e Colombo disse, “Você não entende: este é o Novo Continente”. Então uns marinheiros, como eu, retornaram da viagem dizendo, “Não há bordas no planeta, ele é redondo. E mais: não há monstros marinhos, e sim vales, rios, cidades de ouro”. É duro de engolir, mas caso possam voltar a estudar a psilocibina, os cientistas poderão revolucionar a forma com que lidamos com o ser humano e com o universo. Nos últimos 500 anos a cultura ocidental suprimiu a idéia de inteligências desencarnadas, da presença real de espíritos. Mas trinta segundos de viagem com DMT acabam com a dúvida. Esta droga nos mostra que a cultura é um artefato, que você pode ser um psiquiatra em Nova York ou um xamã em Ioruba, mas que essas realidades são apenas convenções locais que organizam as pessoas em sociedade. A experiência com DMT é universal, pois mostra do mesmo modo, para qualquer pessoa de qualquer cultura, a legitimidade do universo espiritual.

Bem, mas a cultura nos dá alguma coisa para fazer, Terence.
MCKENNA: Sim, mas a maior parte das pessoas acha que cultura é o que é real. A psilocibina mostra que tudo o que você sabe está errado. O mundo não está sozinho, não é tridimensional, o tempo não é linear, não existem coincidências. Existe, sim, um nexo interdimensional.

Se tudo o que sei está errado, então o que está certo?
MCKENNA: Você precisa reconstruir. É, no mínimo, uma tremenda permissão para sua imaginação. Você não tem que seguir Sartre, Jesus, ninguém. Tudo se esvai, e só o que você pensa é, “Sou apenas eu, minha mente e a Mãe Natureza”. Esta droga mostra que o que existe do outro lado é uma impressionantemente real forma de vida auto-consistente, um mundo que permanece o mesmo toda vez que você o visita.

E o que está lá nos esperando? Quem?
MCKENNA: Você cai num espaço. De alguma forma, você pode dizer que é subterrâneo. Existe uma sensação de enclausuramento, mas ao mesmo tempo o espaço é amplo, aberto, caloroso, confortável de uma forma muito sensual, material. Há entidades totalmente formadas, não há dúvidas de que essas entidades estão lá. Enquanto isso você diz, “Batimentos cardíacos? Normais. Pulso? Normal.” Mas sua mente está dizendo, “Não, eu devo ter morrido, é muito radical, muito, muito radical. Não é a droga, drogas não fazem coisas assim”, e você continua vendo o que está vendo. A droga nos tenta revelar qual a verdadeira natureza do jogo. Que a dita realidade é uma ilusão teatral. Então você quer encontrar seu caminho até o diretor que produz a realidade, e discutir com ele o que acontecerá na próxima cena.

Você dedicou boa parte de sua vida no mapeamento do DMT e da psilocibina. Como você os interpretaria?
MCKENNA: Estas substâncias podem dissolver numa única viagem toda a sua programação mental até então. Elas te levam de volta à verdade do organismo – a que diz que idioma, condicionamento e comportamento são totalmente desenhados para mascarar. Uma vez dopado, você renasce para fora do envelope da cultura. Você chega literalmente nu neste novo lugar.

 Você acha que realmente existe algo como uma “bad trip”?
MCKENNA: Uma viagem que acaba te fazendo aprender mais rápido do que você quer é o que as pessoas chamam de bad trip. A maior parte das pessoas tenta dosar o aprendizado inerente às drogas, mas às vezes a droga libera mais informação do que você é capaz de aprender. Para piorar, a mensagem pode ser, “Você trata mal as pessoas!”, e ninguém quer escutar isso.

Como você pode defender as drogas com tanto entusiasmo quando elas estão associadas a tanto sofrimento e caos?
MCKENNA: Nós deveríamos falar da palavra êxtase. Em nosso mundo, comandado pela Madison Avenue, êxtase é aquilo que você sente quando compra uma Mercedes e pode bancá-la. Mas este não é o significado certo. Êxtase é uma emoção complexa que contém elementos de medo, triunfo, empatia e pavor. O que substituiu nosso pré-histórico conceito do êxtase é a palavra “conforto”, uma idéia tremendamente asséptica, letárgica. Drogas não são confortáveis, e qualquer um que pense que elas são uma forma de conforto ou escapismo não deveria tomá-las até que tenham coragem de lidar com as coisas como elas realmente são.

Que tipo de pessoas não deveria tomar drogas?
MCKENNA: Pessoas mentalmente instáveis, sob enorme pressão, ou operando equipamentos dos quais dependem as vidas de outros seres humanos. Ou pessoas frágeis, ingênuas, superprotegidas. Algumas pessoas foram tão estragadas pela vida que a dissolução de amarras não é boa para elas. Essas pessoas deveriam ser cuidadas com carinho, e não encorajadas a arrebatar limites. Se por fatores genéticos, culturais ou psicológicos as drogas não são para você, então não são para você. Não estou pedindo para que todas as pessoas tomem drogas, mas acredito que assim como uma mulher deve estar livre para controlar sua fertilidade, uma pessoa deveria estar livre para controlar sua própria mente.

Todos deveriam ser livres para tomar o que quisessem, e estar bem informados sobre o que cada opção envolve. Exatamente como acontece com educação sexual. Hoje a forma com que lidamos com informações sobre drogas é a mesma como fazíamos nos anos trinta com sexo. Você aprendia através de rumores! Então as pessoas acabam tendo idéias absurdas sobre as coisas.

Onde está sua esperança?
MCKENNA: Está na psicologia e nos jovens. Eles têm o que nunca tivemos: pessoas mais velhas que já tiveram experiências psicodélicas. O LSD tomou, e ainda toma, de assalto nossa sociedade. Dois estudantes de bioquímica podem fazer um pequeno laboratório móvel e produzir, num final de semana, de 5 a 10 milhões de doses de ácido para distribuir em papel pelo mundo. Esta facilidade e discrição criou uma pirâmide de atividade criminal de tanta potência que o governo reage como se um revólver estivesse apontado para sua cabeça. O que, no fundo, é verdade! A estratégia certa é subversão, atenção e discreto não-conformismo contra o tédio e a opressão do mundo.

Terence, meu amigo, existe alguma coisa que o deixa com medo?
MCKENNA: Loucura. As pessoas me perguntam, “Posso morrer tomando esta ou aquela droga?”. É a pergunta errada. Claro que sempre existe algum risco em qualquer coisa, mas o que é realmente perigoso é a sua sanidade, porque como a desconstrução da realidade é infinita, você pode se mudar para algum outro lugar. Tenho medo de não ser capaz de contextualizar essa desconstrução, me perder e não retornar à comunidade humana. Estamos tentando construir pontes, não navegar infinitamente.

Como você vê o futuro?
MCKENNA: Se a história seguir futuro adentro, será um futuro de escassez, preservação do privilégio, controle da população através do uso cada vez mais sofisticado de ideologia para acorrentar e iludir as pessoas. Estamos no limite exato. O que também potencialmente nos aguarda é uma dimensão de tanta liberdade e transcendência que, uma vez lá, viveremos de imaginação. Seremos rapidamente irreconhecíveis se comparados ao que somos hoje porque hoje somos definidos por nossas limitações: a lei da gravidade, a necessidade de comer, de ficarmos ricos. Temos o poder de nos expandir indefinidamente para o prazer, atenção, carinho e conexão. Só precisamos nos libertar e nos permitir.

Tati